quinta-feira, 28 de julho de 2011

Espiritualidade e Responsabilidade Social

As comunidades de Jesus Cristo são chamadas à obediência na luta
pela justiça e na prática da misericórdia




 Sempre que se fala de espiritualidade, pressupõe-se uma experiência humana no campo religioso e subjetivo da fé, alienada às demais experiências da vida. No cristianismo, quando se aborda sobre responsabilidade social, a ênfase recai no ativismo enquanto serviço prestado ao próximo, seja pela proclamação do Evangelho, seja pelas obras de misericórdia e justiça. Contudo, espiritualidade e responsabilidade social são eixos paralelos do mandamento principal das Escrituras: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo” (Mateus 22.37-39).

Assim, amar a Deus é uma missão espiritual, do mesmo modo que amar ao próximo é o exercício de uma espiritualidade missionária a serviço do outro. Estas duas manifestações cristãs evidenciam-se de forma interativa e interdependente. Por conta dessa interação, a espiritualidade cristã precisa sempre encontrar o seu caminho devocional em missão ao próximo. A espiritualidade pode ser entendida como uma experiência humana no campo da fé e a responsabilidade social e política, como uma resposta ética dessa mesma fé.

As relações sociais, políticas, econômicas e religiosas da sociedade em que estamos inseridos anunciam ou denunciam a espiritualidade desta mesma sociedade. Espiritualidade e responsabilidade social confluem-se na vida e natureza da Igreja de Jesus Cristo. De um modo geral, na cristandade, tem havido muita contradição entre a mesa do pobre e o altar suntuoso dos cristãos – e a falta de pão na primeira pode ser uma denúncia da ausência de espiritualidade no segundo. Acontece que a responsabilidade social cristã não pode tornar-se apenas um serviço voltado para o problema da falta de pão para os pobres, ao mesmo tempo que a espiritualidade não deve ser uma tarefa exclusiva em torno do altar.

Mais grave do que esta dicotomia é a constatação de que o cristianismo brasileiro, mesmo que numericamente significativo, não tenha conseguido responder, na mesma proporção de seu avanço quantitativo, às demandas de nossa sociedade, especialmente no que diz respeito à promoção da justiça. No contexto brasileiro, há várias práticas espirituais em diversas comunidades cristãs que evidenciam distorções e limitações na atividade missionária da Igreja. Se considerarmos a responsabilidade social e política da Igreja Evangélica como um desdobramento das práticas espirituais expostas nas vitrines no cenário religioso brasileiro, precisaremos rever com qual evangelho estamos comprometidos. Há uma espiritualidade de fetiche, marcada pela magia e crença no poder de objetos e amuletos. Nessa espiritualidade superficial e alienada do pão de cada dia para todos, a solução dos problemas e demandas da vida tendem a ser individualizada. Assim, a responsabilidade social da igreja tende a ser vista como uma interferência exclusiva pela via do milagre, e não como desdobramento de uma práxis evangélica transformadora.

Já outros grupos exercitam uma espiritualidade marcada pela supervalorização da estética em detrimento da ética. O serviço religioso é elaborado com todos os sinais externos de pompa e espetáculo. A espiritualidade é meramente ritualista, superficial, predispondo seus praticantes a uma missão que gira em torno do sucesso e popularidade de seus sacerdotes ou do reconhecimento de suas obras cultuais. A manjedoura, o jumento e a cruz são, no máximo, símbolos; mas os pobres recém-nascidos, os que possuem meios limitados de transportes e os que continuam em processo de crucificação em nada desfrutam de uma espiritualidade depreciadora da ética – isso quando a causa do pobre não é mera bandeira institucional e publicitária a serviço da imagem pública da instituição.

As comunidades de Jesus Cristo devem ser motivadas pelo amor a Deus e às pessoas, e não pelo amor ao dinheiro. Elas são chamadas à obediência na luta pela justiça e na prática da misericórdia. Para vencer o mal que se manifesta nas estruturas e conjunturas sociais, políticas, econômicas e culturais, elas buscam nos instrumentos estabelecidos pela sociedade civil os mecanismos para tornar a justiça um rio permanente. Numa democracia, as autoridades são todas as instâncias de poder para a prática do bem, conforme Romanos 13. Desse modo, uma igreja socialmente responsável se utilizará dos instrumentos democráticos para que a sua espiritualidade em missão tenha incidência nas políticas públicas, nos direitos do cidadão e nos testemunhos de boas obras e prática da justiça.

No Evangelho ensinado por Jesus, oramos no quarto secreto (tameion) ao Pai nosso que está nos céus, numa espiritualidade transcendente, pessoal e íntima que tem necessariamente implicações nas vivências públicas – afinal, a Igreja é o sal da terra e a luz do mundo. A oração ao Pai nosso é ao Pai da comunidade e na comunidade. Na Oração Dominical, quando se pede o pão nosso de cada dia, pede-se num gesto espiritual de oração por um bem social que pode ser acumulado ou socializado. Assim, espiritualidade e responsabilidade social são manifestações transcendentes e ao mesmo tempo inseridas nas realidades que vão se tornando história.

Pr Carlos Queiroz
http://cristianismohoje.com.br/ch/espiritualidade-e-responsabilidade-social

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Arrependimento, a manchete do evangelho


João Batista foi o precursor de Jesus, para preparar o caminho de sua chegada. Brandindo a espada do Espírito, conclamou o povo a arrepender-se e a produzir frutos de arrependimento. Não se trata de arrepender e novamente se arrepender, mas de arrepender e dar frutos de arrependimento. Arrependimento significa mudar de mente e de direção. Implica em mudança. Exige transformação. Impõe um novo rumo com novas atitudes. Aqueles que permanecem no erro, mesmo que se desmanchem em lágrimas, não dão provas de arrependimento nem demonstram seus frutos. Arrependimento é um tema ausente na maioria dos púlpitos contemporâneos. Nossa geração prefere entreter os pecadores a chamá-los ao arrependimento. Prefere mantê-los sorrindo caminhando para a morte, do que levá-los ao choro do arrependimento para a vida.
O arrependimento exige mudanças em três áreas vitais da vida:
1. A razão. Arrependimento significa mudar de mente. O arrependimento verdadeiro é conceitual. Traz uma nova luz para a mente e faz brotar um novo entendimento da vida e dos valores que a governam. Uma pessoa arrependida compreende que o pecado é maligníssimo. Uma rebelião contra Deus. Portanto, foge não apenas das consequências do pecado, mas, sobretudo, do pecado. Aqueles que se deleitam no pecado e se refestelam nos prazeres da vida, mesmo que derramem lágrimas amargas quando recebem o merecido salário do seu pecado não demonstram um genuíno arrependimento. Os frutos do arrependimento só podem ser produzidos por alguém que recebeu a luz da verdade na mente, a convicção do pecado no coração e, consciente e deliberadamente se aparta do pecado como o maior de todos os males.
2. A emoção. Arrependimento significa sentir tristeza segundo Deus pelo pecado. É demonstrar um profundo pesar por ofender a santidade de Deus. É afastar-se do pecado como uma coisa abominável aos olhos daquele que é puro. A tristeza segundo Deus produz vida e não morte. Conduz o homem pelas veredas da salvação e não pelos abismos da condenação. A tristeza do mundo esmaga, atormenta e mata. A tristeza do mundo produz culpa e remorso, mas não alivia a consciência, porém a tristeza segundo Deus abre a ferida, mas também cura. Convence de pecado, mas também conduz à fonte do perdão. Arrependimento não é remorso que leva à morte, mas é choro pelo pecado que conduz à vida. Aqueles que se arrependem choram não porque foram flagrados no pecado e agora estão sofrendo as consequências do seu erro, mas choram porque o pecado é mau aos olhos de Deus.
3. A vontade. Arrependimento significa dar meia volta, mudar de direção e adotar um novo comportamento. Não é arrependimento e novamente arrependimento, mas arrependimento e frutos de arrependimento. Aqueles que verdadeiramente se arrependem não vivem mais na prática do pecado. Não são mais escravos do pecado. Não vivem mais com o pescoço na coleira do diabo. Arrependimento significa abandonar o pecado para deleitar-se na santidade. Significa deixar o reino das trevas e ser transportado para o reino da luz. Arrependimento, mais do que sentimento, é atitude. Não é aquilo que falamos apenas, mas aquilo que fazemos. Não é discurso diante dos homens, é mudança de vida diante de Deus. Não é um desempenho teatral para impressionar as pessoas, mas um quebrantamento sincero diante de Deus. Não é rasgar as vestes, mas o coração. O arrependimento é a manchete do evangelho, a porta de entrada no reino de Deus, uma exigência inegociável para a salvação.
Rev. Hernandes Dias Lopes
Fonte:http://hernandesdiaslopes.com.br

sábado, 16 de julho de 2011

A necessidade de pregar sobre o arrependimento


Estamos acostumados a ouvir pregadores convidando os homens a “aceitarem a Jesus como seu Salvador pessoal”; mas, na realidade, esta é uma expressão que não encontramos nas Escrituras. Tais palavras têm-se tornado uma expressão vazia. “Salvador pessoal” podem ser palavras preciosas para os crentes; todavia, são totalmente inadequadas para instruir os pecadores a respeito do caminho para a vida eterna. Elas ignoram inteiramente um elemento essencial do evangelho — o arrependimento. Este elemento tão necessário à pregação do evangelho vai desaparecendo gradualmente dos nossos púlpitos, apesar de todo o Novo   Testamento estar cheio dele...
Paulo confrontou os intelectuais do Areópago, pregando: “Deus... agora... notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam” (At 17.30). Este não era um tema opcional na pregação dos apóstolos; era o fundamento de sua instrução aos pecadores. Falar apenas sobre “aceitar um Salvador pessoal” elimina este imperativo crucial.

Walter Chantry 1

1. Chantr y, Walter J. Evangelho de hoje: autêntico ou sintético. São José dos Campos,
SP: Fiel, 2001. p. 40-41.

Fonte: Livro O Evangelho Segundo os Apóstolos, p. 91.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O que é Fé, segundo J. Gresham Machen

 Fé é a aceitação de um dom da parte de Cristo... É uma coisa maravilhosa; envolve uma mudança de toda a natureza do homem; envolve um ódio novo pelo pecado e uma fome e sede novas pela justiça.
Uma mudança tão maravilhosa como essa não é obra do homem. A fé, em si mesma, é-nos dada pelo Espírito de Deus. Os cristãos nunca tornam a si mesmos cristãos, mas são feitos cristãos por Deus.
...É inconcebível que um homem receba essa fé em Cristo, que ele aceite esse dom que Cristo oferece e continue a viver alegremente em pecado, porque o que Cristo nos oferece é exatamente a salvação do pecado — não somente salvação da culpa do pecado, mas também a salvação do poder do pecado. Portanto, a atitude correta do cristão é a de cumprir
a lei de Deus. Ele a cumpre não mais como uma forma de ganhar sua salvação — pois a salvação lhe foi dada gratuitamente por Deus — mas ele a cumpre alegremente como parte central da própria salvação. A fé sobre a qual Paulo fala é, como ele mesmo diz, uma fé que age por meio do amor; e o amor é o cumprimento de toda a lei... A fé à qual Paulo se refere quando fala de justificação pela fé somente é uma fé que age.

J. Gresham Machen

Machen , J. Gresham. What is faith? New York: Macmillan, 1925. p. 203-204.

domingo, 10 de julho de 2011

A esperança que não se desespera

 A esperança é o oxigênio que nos mantém vivos. Quem não tem esperança vegeta, não vive. Quem passa os anos de sua existência na masmorra do desespero, acorrentado pelo medo e subjugado pelas algemas da ansiedade, conhece apenas uma caricatura da vida. A vida verdadeira é timbrada pela esperança, uma esperança tão robusta que espera até mesmo contra esperança. Foi assim com Abraão, o pai da fé. Deus lhe prometeu um filho, em cuja descendência seriam abençoadas todas as famílias da terra. Abraão já estava com o corpo amortecido. Sua mulher, além de estéril, já estava velha demais para conceber. A promessa de Deus, porém, não havia se caducado. Contra todas as possibilidades humanas, contra todos os prognósticos da terra, contra todo o bom senso da razão humana, Abraão não duvidou por incredulidade, mas pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus e esperou mesmo contra a esperança, e o milagre aconteceu em sua vida. Isaque nasceu e com ele a esperança de uma descendência numerosa e bendita.
A esperança que não se desespera tem algumas características:

1. Ela está fundamentada não em sentimentos humanos, mas na promessa divina. 

Abraão não dependia de seus sentimentos, mas confiava na promessa. Deus havia lhe prometido um filho e essa promessa não havia sido revogada. Abraão já estava velho e seu corpo já estava amortecido, mas esse velho patriarca não confiava no que estava em seu interior, mas naquele que é superior. Não vivemos pelo que sentimos, vivemos agarrados na promessa. Não devemos nos estribar em nossas emoções instáveis, mas na Palavra estável e inabalável daquele que não pode mentir. As promessas de Deus não podem falhar. Ele é fiel para cumprir sua Palavra. Devemos tirar os olhos de nós mesmos e colocá-los em Deus. Dele vem a nossa esperança. Ele é a nossa esperança. Nele podemos confiar.

2. Ela está fundamentada não em circunstâncias, mas naquele que governa as circunstâncias. 

A fé ri das impossibilidades, pois não é uma conjectura hipotética, mas uma certeza experimental. A fé não lida com possibilidades, mas com convicção. O objeto da fé não está no homem, mas em Deus. A fé não contempla as circunstâncias, mas olha para aquele que está no controle das circunstâncias. Abraão sabia que Deus poderia fortalecer seu corpo e ressuscitar a fertilidade no ventre de sua mulher. Sabia que o filho da promessa não seria fruto apenas de um nascimento natural, mas, sobretudo, de uma ação sobrenatural. A esperança que não se desespera não olha ao redor, olha para cima; não vê as circunstâncias, comtempla o próprio Deus que está no controle das circunstâncias.

3. Ela está fundamentada não nas ações humanas, mas nas intervenções divinas. 

Abraão e Sara fraquejaram por um tempo na espera do filho da promessa. O resultado dessa pressa foi o nascimento de Ismael. A ação humana sem a condução divina resulta em sofrimento na terra, mas não em derrota no céu. O plano do homem pode ser atabalhoado, mas o plano de Deus não pode ser frustrado. Deus esperou Abraão chegar a seu limite máximo antes de agir. Esperou que todas as possibilidades da terra cessassem antes de realizar seu plano. Então, a promessa se cumpriu, o milagre aconteceu e Isaque nasceu. O limite do homem não limita Deus. A impossibilidade do homem não ameaça Deus, pois os impossíveis do homem são possíveis para Deus. Quando o homem chega ao fim dos seus recursos, Deus ainda tem à sua disposição toda a suprema grandeza do seu poder. Deus faz assim para que coloquemos nele toda a nossa confiança, para que tenhamos nele toda a nossa alegria e para que dediquemos a ele toda a glória devida ao seu nome.
Rev. Hernandes Dias Lopes

sábado, 9 de julho de 2011

CRESCENDO EM ESPERANÇA

No Evangelho a esperança é essencial à vida.

De fato o Evangelho é Boa Nova de esperança para a presente existência e para a vida que é sem fim.

Esperança, segundo o Evangelho, é Graça do Espírito Santo em nós.

Pela esperança se diz que o ser é santificado, pois, “a si mesmo se purifica todo aquele que Nele tem esperança”.

Pela esperança se diz que o ser é mantido vivo, posto que é pela “ousadia e exultação da esperança” que se enfrenta o absurdo da existência sem fraquejar na fé.

Pela esperança a alma é preservada em adoração, mesmo que unindo seus gemidos aos da criação.

O caminho histórico existencial do desenvolvimento da esperança em nós é algo que começa na fé.

Justificados ... mediante a fé ... temos paz com Deus.

Tal fé nos imerge no ambiente da Graça na qual estamos firmes. Assim, aprendemos a nos gloriar na esperança da Glória que Deus tem reservado para todos nós que estamos em Cristo. Mas, não somente isto, pois, aprendemos a nos gloriar não apenas na glória da glória, mas também na glória da tribulação no tempo presente.

A Graça do perdão (justificação) cria um ambiente, um estado de existência na Graça para o ser que confia. Nesse ambiente tudo remete para a esperança.

Viver na Graça é viver em esperança. Na esperança da glória eterna. Na esperança da presença real do Espírito nas tribulações de ainda.

Entretanto, é por tal esperança que o coração se alegra em Deus tanto nas coisas por vir como também nas dores que já vieram e ainda virão — sabendo que mesmo que o que nos venha seja tribulação, ela, a tribulação, quando vivida na esperança da glória de Deus, cria e forja o caminho que nos fará mais forte, mais rijos, mais audazes existencialmente, mais perseverantes, mais experientes, mais esperançosos...

Na Graça a tribulação aprofunda e enraíza a esperança.

Assim, quando a esperança passa pela estrada da dor, o que ela gera, caso continuemos firmes na fé, é um ser forte, que não desiste, que aprende e usa o que aprendeu, e que passa a não ser mais confundido pela dor ou pela perplexidade, posto que se diz que a esperança que o visita nessa jornada, não confunde a pessoa, antes dá a ela aquele paz-certa, e que sabe que tudo tem a ver com o amor de Deus por nós.

Ora, quando o processo se fecha assim, então, mais do Espírito Santo é derramado em nossos corações...

Mas para se ter esperança para viver na terra, tem-se que ter a esperança da glória que é para além do imediato. Ou seja: tem-se que ter a esperança da glória de Deus.

Sem que a mente esteja cheia da certeza da glória eterna, o que sobra como esperança para o tempo presente?

Assim, sem a esperança celestial não se tem chão no caminho imediato.

É a esperança da glória de Deus o poder existencial que me dá força para perseverar, para aprender, para crescer em esperança, e para ter o coração pacificado para além das dúvidas. Posto que a esperança que vem depois de toda tribulação é o antídoto contra toda duvida. A esperança não confunde.

Hoje as pessoas já não têm mais a exultação na esperança eterna. A maioria vive de projetos, de campanhas, de pequenos desejos, de sonhos de consumo. Essa é a glória dos crentes de agora. São filhos da esperança de açúcar.

Assim, tendo glória apenas como prosperidade terrena, tais pessoas jamais ganham densidade espiritual e jamais ficam firmes na fé.

Entretanto, quem não encher o coração com o peso da glória eterna, não terá o poder para suportar as ondas de tribulação que estão por vir sobre todos os habitantes da terra.

Eu só aprendo a me gloriar nas próprias tribulações se meu coração se glória diariamente na esperança da glória de Deus!

Sem esperança a “fé” é um bingo, uma aposta, uma loteria, um torcida nervosa acerca de alguns sonhos imediatos de consumo ou de sucesso.

Mas tal “fé” não suporta as tribulações da vida.

Nele, que nos chama à verdadeira esperança,

Caio Fabio

19/04/07

Lago Norte

Brasília

ZAQUEU E O CHAMADO EFICAZ. (Lc 19:1-10)

Hoje se fala muito em chamado, temos adotado o termo para validar nossas opções ministeriais, uns dizem que tem o chamado para o louvor, outro dizem que tem o chamado para missões, e por ai vai, conquanto eu também creia que Deus nos chama a desenvolver ministérios os mais diversos para a edificação da igreja, hoje porem, quero falar do grande chamado, sem o qual nenhum outro chamado faz sentido, quero falar de um chamado sem o qual todos os ministérios se tornam apenas ativismo religioso, e para tanto utilizaremos a história de Zaqueu para falarmos do sublime CHAMADO EFICAZ.

1-O CHAMADO É INCONDICIONAL
Os relacionamentos humanos sempre acontecem por meio de condicionamentos, nós colocamos pelo menos três critérios para escolher nossos relacionamentos, a aparência a reputação, e a disponibilidade sacrificial do outro. Com Jesus é diferente seu chamado é incondicional.

Não está condicionada à aparência: Zaqueu era um homem de baixa estatura, é claro que em nossa cultura não há nenhum problema em ser baixo, porém na cultura judaica helenizada, ser baixo era sinônimo de anormalidade estética, ser baixo significava sofrer preconceito e até ser excluído de algumas atividades civis, mas Jesus o chama independente de sua estética, pois seu chamado eficaz não está condicionado a aparência.

Não está condicionada a reputação: Zaqueu era um cobrador de impostos, um publicano, um traidor para os judeus, um corrupto para os romanos, sua reputação estava tão maculada que até entrar em sua casa se tornara em abominação, e é exatamente pra lá que Jesus vai, pois seu chamado eficaz não está condicionado à reputação humana.

Não está condicionada a sacrifícios: Zaqueu estava curioso pra ver quem era esse Jesus que todos estavam comentando, Zaqueu sobe em uma arvore, aquela atitude representa as nossas quando achamos que nossos próprios sacrifícios podem nos aproximar de Deus, porém vem Jesus e diz, Zaqueu desse depressa dessa arvore, pois me convém entrar em tua casa, o que Deus quer é um relacionamento conosco, pois seu chamado não está condicionado aos nossos sacrifícios.

2-O CHAMADO É INDIVIDUAL
Em meio a multidão, o homem é levado a pensar que Deus não o assiste, que Deus não o vê, as vezes as multidões nos fazem perder a identidade, perder a nossa individualidade, e começamos a pensar como a massa, agimos como a massa, chegamos até a pensar que nossa salvação está condicionada a coletividade que chamamos de Igreja, mas Jesus nos conhece e nos vê em nossas individualidades, e com Zaqueu não foi diferente.

Jesus o chama pelo nome: Apelidos não faltavam a Zaqueu, publicano, cobrador de impostos, traidor, ladrão e etc., Mas Jesus não o rotula, ele o chama pelo nome, pois o seu chamado eficaz é individual.

Jesus conhece seu endereço: Conhecer o endereço para Jesus é muito mais que saber nome da rua ou numero da casa, conhecer o endereço é conhecer a própria casa com todo seu contexto familiar, é conhecer a origem do individuo , tornando o chamado eficaz em um chamado essencialmente individual.

Jesus estabelece um relacionamento: O chamado é individual porque sugere relacionamento, sugere intimidade, Jesus confronta os preconceituosos de sua época quando entra na casa desse pecador, e Ele só o faz porque o relacionamento individual é uma característica do chamado eficaz.

3-O CHAMADO GERA RESPOSTA
O chamado eficaz conta com a ação do Espírito Santo, interferindo diretamente e de forma irresistível na natureza humana, fazendo com que o homem responda ao chamado positivamente, e no caso de Zaqueu vemos as seguintes respostas.

Resposta com ação instantânea: Desce depressa, foi o chamado de Jesus a Zaqueu, e qual sua resposta? Não podia ser outra, Zaqueu respondeu positivamente, pois o chamado eficaz é irresistível e gera em nós uma ação instantânea.

Resposta com alegria de coração: O chamado eficaz também gera ação interior, gera alegria, quando Zaqueu ouviu o chamado logo se alegrou, quem recebe o chamado com um sentimento fúnebre, ainda não obteve a revelação especial, os que a obtiveram respondem o chamado com celebração.

Resposta com mudança de atitude: O chamado não fica somente na subjetividade das transformações interiores, mas o chamado que é eficaz gera em nós mudança de mente “Metanóia” que desemboca em atitudes praticas e objetivas, e como Zaqueu, quem ouve o chamado muda de atitude, repara os erros, e busca viver para gloria de Deus.

Conclusão: Concluo reafirmando que para a salvação humana não há mais sacrifícios a serem feitos, só precisamos responder sem resistência ao seu chamado eficaz, pois duro é recalcitrar contra os agrilhoes, resistir é apenas adiar o inadiável, sendo assim façamos como Zaqueu que abriu sua casa para recebê-lo, pois eis que ele está a porta e bate e se alguém abrir a porta Ele entrará para cear com ele, e é esse o objetivo do CHAMADO EFICAZ.


Por: Pastor Gaspar